Vômito Diário I - 1ª Temporada

Apenas 5 minutos no ponto... e a vida inteira passa na minha mente. Depois das duas lotações passarem direto, sento no chão frio e ligo meu MP4. Percebo que a cerveja que o Marcos deixou cair na cama molhou meu pequeno aparelho e ficou uma parte escura. Não bastou o Marcos sentar em cima, agora me joga cerveja nele (ô homem desastrado!). Nem dá pra ver direito na luz. Logo aposentarei meu grande companheiro de coletivos. Talvez, no final do ano, o Marcos compre um PSP ou até dois (enfiar o pé na jaca de vez), um pra cada para não ter briga de "amanhã sou eu quem levo" e vice-versa. Decidi que quero o meu ou branco ou prata. Não gostei do preto

Depois do caso do MP4 fodido e da lotação passar direto, pensei que meu dia ia começar ruim... acho que não.

Prometi a mim mesma que, quando as dívidas acabarem, vou comprar tanta coisa como dois PSPs, uma tv (enche o saco em ficar vendo TV naquele monitor pequeno do micro), um Playstation 2, um fogão, uma máquina de lavar roupa, uma máquina de lavar louça, uma secadora de roupa e, quem sabe, uma bateria com pratos da Orion Pró Master. Pronto, lá vai eu enfiar a minha cabeça em dívidas de novo... mas não tem como... devo me arriscar! O fogão e a máquina de lavar são as primeiras cosias que DEVO comprar para voltar ao meu paraíso. O Marcos quer morar no centro por causa do serviço e porque quer fazer uma faculdade. O garoto decidiu: vai fazer pedagogia... doido...

Ontem o Sandro ficou com medo de que a banda acabasse quando falei que o Marcos recebeu uma proposta de ser caseiro no sul de Minas. Ele gosta muito de tocar com a gente. Mesmo eu goste muito da banda, eu tenho meus princípios e já falei com o Sandro sobre isso, embora ele não gostasse da minha sinceridade, ele sabe que eu e o Marcos tenhos nossos princípios e isso não muda... mas a banda só acabará em caso extremo.

Depois de 6 meses sem tocar, eu e o Marcos percebemos que não existe guitarrista com pegada de Blues tão tradicional e cheio de feeling quanto o Sandro. A grande maioria que ser muito "educadinho" pro meu gosto. A banda é boa e eu sou a maior medíocre na bateria, mas o Sandro e o Marcos gostam de tocar comigo.

Sobre a proposta de ser caseiro, eu iria com toda a alegria do mundo, mas o Marcos sentiu medo de que não desse certo por ser um negócio extremamente arriscado. Não, o Marcos não tem medo de arriscar, mas nesse caso, ele teve por ser uma mudança tão brusca. Algumas pessoas disseram que se fosse elas, iriam sim.

Deve ser muito legal morar no mato, ordenhar vaca, colher frutas do pé, comer muita verduras e legumes, andar de cavalo, alimentar os porcos, cuidar de boi, cortar a grama, limpar piscina, acordar cedo e sentir o cheiro do mato, a neblina da manhã, o barulho do vento nas árvores e o melhor: viver longe de parente, de poluição, de multidão, de gente mal educada... trabalho dobrado, mas seria um lugar cheio de paz e sossego, embora o dono da chácara disse que lá entra muito ladrão, invasores e pessoas fugindo da polícia à noite. O que vai doer é ficar longe de amigos e da banda, mas existe a internet e o cara falou que lá tem. Mas, e a banda? =/ Deixar a banda o Sandrão é cortar os pulsos!

Só que o Marcos não quis e ficaremos na cidade grande porque nos acostumamos (muito mal) à ela. Mesmo que eu convivia com fazendas e matos e casa de pau a pique quando era pequena.

Hoje descubro isso aqui e não posso dizer se é verdade ou não, porque a felicidade para mim é apenas um estado de espírito.