Na comunidade Eu Amo Meu Namorado, me escolheram para eu escrever a minha história de amor num tópico dia 22 do mês que vem. Desembestei e escrevi no Word... mas não deixei de escrever uma passagem da minha vida... Tá certo que não foi uma história de amor... ou pode ser, mas não relacionado ao Marcos...
Quer ler?
(...)
Meses depois, minha mãe me avisa que ficará internada. Quando ouvi isso, nem sei o que pensar. Ficou assim, um bom tempo longe de casa, meses indo do hospital pra casa. Geralmente ficava chateada e eu andava do hospital do Vergueiro até o terminal Pq Dom Pedro a pé, numa caminhada de 40 minutos, pensando. Várias vezes, ou ia para o Centro Cultural São Paulo, mas sempre me dava vontade em sentar junto com os mendigos e não voltar nunca mais pra casa. Estava me tornando covarde! Logo pensava na minha mãe e no Marcos... mas como diria Renato Russo “a vida continua e se entregar é uma bobagem”. Estava ficando deprimida
- O médico suspensou a quimio – ela me disse
- Que bom, mãe! Sinal que melhorou!
- Não, filha... é sinal de que não tem mais jeito...
Ela era muito realista e isso me machucava.
Numa dessas visitas, uma médica me fala:
- Então, Tatiane, estava falando com a sua mãe que nós temos um lugar muito gostoso para ela ficar pra descansar, tem enfermeira 24 horas, ela come o que quiser... É uma casa antiga, com um jardim enorme... Tem esse endereço, visite e dê a sua opinião.
- Então, mãe, você quer ir?
- Não sei, fia... acho que sim.
- Bom, doutora, não vai ser eu quem vai decidir, vai ser ela.
- Eu concordo, Tatiane, mas antes de você ir, passa na minha sala.
E fui...
- Então, Tatiane, você sabe que sua mãe não está boa, não é?
- Sim, eu sei
- Bom, essa casa que te falei é uma casa de repouso e lá as pessoas ficam mais tranqüila, mais calmas, tem assistencia médica 24 horas como te disse e ela vai descansar muito bem lá, porque, já pensou se sua mãe falecer? O que vocês vão fazer?
Aquilo foi a bomba.
- Se você quiser visitar, vai lá...
Peguei o endereço e fui
Era uns vinte minutos de caminhada até a casa de repouso. Ficava na Aclimação. Era uma enorme casa branca com um enorme jardim do lado de fora. Disse que eu era a filha da Ester e deixaram-me entrar. Visitei a casa: na entrada, na sala, tinha uma lareira, atrás uma copa e a escada era de mármore, que virava paa os dois lados. A mulher, como se fosse uma guia turística, dizia a história da casa: pertencia a um barão de café e era do século XIX, algo assim. Para ser mais exata: a casa de repouso era para pessoas em estado terminal. Isso não tinha sombra de dúvidas.
Voltei pra casa e fui direto pra casa do Marcos, porque não estava muito bem e disse à ele:
- Tô tão deprimida.
- Por que?
- Tenho certeza, Marcos: se minha mãe sobreviver até o fim do ano, é milagre.
- Que isso! - ele me abraçava e acabava chorando, molhando o ombro dele.
- Não é pessimismo... Deixa quieto... ninguém me entende...
Minha mãe decidiu ir pra casa de repouso e por lá ficou por pelo menos uns dois ou três meses...
Durante o tempo em que minha mãe estava hospedada, ela viu três ou quatro mortes dentro daquela casa. O pior é que com o tempo, a gente acabava se apegando às pessoas que estava lá. Eu sempre convesava com uma senhorinha de 95 anos que nem podia encostar nela porque sua pele era muito fina. Ninguém a visitava. Na outra sala, tinha um senhor japonês de 104 anos... só tinha um enfermeiro contratado para ficar com ele.
Deu uma maluquice uma vez em mim e falei à medica pra gente levar os pacientes ao parque da Aclimação.
Embora a casa fosse uma delícia em ficar, era deprimente...
Em outubro foi o mês dos acontecimentos: meu amigo me dá uma proposta de emprego e um outro amigo meu de primário disse que o Doors viria ao Brasil. Fiquei louca com a última notícia e fomos ver o Doors. Chorei o show inteiro. Nessa semana, minha mãe estava em casa e dois dias depois, ela voltou para a casa de repouso...
... e não voltou mais... ela faleceu no dia 4 de novembro, 11 e meia da noite... foi uma quinta feira muito acizentado e estranho... embora já sabia do que ia acontecer.
Meses depois, minha mãe me avisa que ficará internada. Quando ouvi isso, nem sei o que pensar. Ficou assim, um bom tempo longe de casa, meses indo do hospital pra casa. Geralmente ficava chateada e eu andava do hospital do Vergueiro até o terminal Pq Dom Pedro a pé, numa caminhada de 40 minutos, pensando. Várias vezes, ou ia para o Centro Cultural São Paulo, mas sempre me dava vontade em sentar junto com os mendigos e não voltar nunca mais pra casa. Estava me tornando covarde! Logo pensava na minha mãe e no Marcos... mas como diria Renato Russo “a vida continua e se entregar é uma bobagem”. Estava ficando deprimida
- O médico suspensou a quimio – ela me disse
- Que bom, mãe! Sinal que melhorou!
- Não, filha... é sinal de que não tem mais jeito...
Ela era muito realista e isso me machucava.
Numa dessas visitas, uma médica me fala:
- Então, Tatiane, estava falando com a sua mãe que nós temos um lugar muito gostoso para ela ficar pra descansar, tem enfermeira 24 horas, ela come o que quiser... É uma casa antiga, com um jardim enorme... Tem esse endereço, visite e dê a sua opinião.
- Então, mãe, você quer ir?
- Não sei, fia... acho que sim.
- Bom, doutora, não vai ser eu quem vai decidir, vai ser ela.
- Eu concordo, Tatiane, mas antes de você ir, passa na minha sala.
E fui...
- Então, Tatiane, você sabe que sua mãe não está boa, não é?
- Sim, eu sei
- Bom, essa casa que te falei é uma casa de repouso e lá as pessoas ficam mais tranqüila, mais calmas, tem assistencia médica 24 horas como te disse e ela vai descansar muito bem lá, porque, já pensou se sua mãe falecer? O que vocês vão fazer?
Aquilo foi a bomba.
- Se você quiser visitar, vai lá...
Peguei o endereço e fui
Era uns vinte minutos de caminhada até a casa de repouso. Ficava na Aclimação. Era uma enorme casa branca com um enorme jardim do lado de fora. Disse que eu era a filha da Ester e deixaram-me entrar. Visitei a casa: na entrada, na sala, tinha uma lareira, atrás uma copa e a escada era de mármore, que virava paa os dois lados. A mulher, como se fosse uma guia turística, dizia a história da casa: pertencia a um barão de café e era do século XIX, algo assim. Para ser mais exata: a casa de repouso era para pessoas em estado terminal. Isso não tinha sombra de dúvidas.
Voltei pra casa e fui direto pra casa do Marcos, porque não estava muito bem e disse à ele:
- Tô tão deprimida.
- Por que?
- Tenho certeza, Marcos: se minha mãe sobreviver até o fim do ano, é milagre.
- Que isso! - ele me abraçava e acabava chorando, molhando o ombro dele.
- Não é pessimismo... Deixa quieto... ninguém me entende...
Minha mãe decidiu ir pra casa de repouso e por lá ficou por pelo menos uns dois ou três meses...
Durante o tempo em que minha mãe estava hospedada, ela viu três ou quatro mortes dentro daquela casa. O pior é que com o tempo, a gente acabava se apegando às pessoas que estava lá. Eu sempre convesava com uma senhorinha de 95 anos que nem podia encostar nela porque sua pele era muito fina. Ninguém a visitava. Na outra sala, tinha um senhor japonês de 104 anos... só tinha um enfermeiro contratado para ficar com ele.
Deu uma maluquice uma vez em mim e falei à medica pra gente levar os pacientes ao parque da Aclimação.
Embora a casa fosse uma delícia em ficar, era deprimente...
Em outubro foi o mês dos acontecimentos: meu amigo me dá uma proposta de emprego e um outro amigo meu de primário disse que o Doors viria ao Brasil. Fiquei louca com a última notícia e fomos ver o Doors. Chorei o show inteiro. Nessa semana, minha mãe estava em casa e dois dias depois, ela voltou para a casa de repouso...
... e não voltou mais... ela faleceu no dia 4 de novembro, 11 e meia da noite... foi uma quinta feira muito acizentado e estranho... embora já sabia do que ia acontecer.
(...)
Dia 22 vou postar a história inteira... depois eu coloco o link!
Um comentário:
Com tudo o que você passou..até eu aprendo alguma coisa...sua realmente foi uma pessoa maravilhosa....
Bjsssss....
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